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Ao lado de indígenas acreanos, Alok se apresenta na ONU em Nova York e faz defesa da floresta

Alok gravou uma performance no rooftop do edifício da ONU, ao lado dos artistas indígenas Mapu Huni Kuî, Owerá MC e Grupo Yawanawa, a ser lançado globalmente no próximo ano, com todo o lucro revertido para os artistas indígenas. O conteúdo será levado ao mundo, no intuito de evidenciar a urgência da promoção e defesa dos direitos dos povos indígenas de ocuparem múltiplos territórios na sociedade contemporânea.

“Levar a sabedoria ancestral da floresta ao mundo faz parte não apenas dos meus objetivos artísticos, mas dos meus princípios como cidadão. Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação de seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão que adultos e jovens do meu país, e de todo o mundo, têm sobre os indígenas. O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta”, diz Alok, que também é presidente do Instituto Alok.

Qual a importância de conectar a música para conscientização social e ambiental, sobretudo no momento em que vivemos?
Alok – A música e as expressões artísticas além de conscientizar, também mobilizam a nossa sensibilidade, nos tiram do senso-comum para desbravar outras possibilidades. Os cânticos indígenas são curas. A sabedoria milenar da floresta, a ancestralidade oral dos povos originários têm muito a nos ensinar na maneira de nos reconectarmos à natureza, ao nosso entorno, ao enfrentamento das questões climáticas. Precisamos ouvi-los, colocá-los no centro das pautas ambientais, torná-los protagonistas das próximas narrativas que traçaremos para a humanidade. Mas de uma forma mais objetiva, é reafirmar a presença indígena na sociedade e em todos os espaços públicos. Mostrar ao mundo que eles estão no topo mais alto da sede da ONU é simbolicamente forte. É um alerta ao mundo de que precisamos pensar nas demandas climáticas coletivamente, ouvir o que os indígenas têm a nos dizer.

Me chamou a atenção o desdobramento do projeto que inclui Web3, pode falar um pouco mais do impacto da tecnologia na música e na conexão das músicas?
Alok – Existe uma tecnologia que é milenar. Já ouvi pessoas dizendo que os indígenas são coisa do passado, é absurdo isso! Esses projetos vão integrar essa sabedoria com os campos tecnológicos e artísticos para repensarmos o futuro, o bem-estar dos povos da floresta e a preservação da biodiversidade. Para mim o futuro é um indígena numa canoa andando no rio Amazonas com um aparelho super sofisticado que rastreia os pássaros e olhando a borda do rio, se vê vários centros de pesquisa integrados com a natureza, buscando soluções e curas para a humanidade. Quando me aprofundei na comunidade gamer, percebi a aderência que tinha entre os indígenas, o interesse deles no e-games. Criei o Game Changer e reservei parte das vagas à times compostos exclusivamente por indígenas e estabeleci ali uma comunicação com esses jovens jogadores. Eles, em geral, estavam descentralizados, em um ecossistema próprio com pouco acesso aos meios de comunicação. O game entrou como um atrativo importante de inserção nos campos tecnológicos e da internet. A minha comunicação com a juventude indígena, a partir daí, ficou mais direta.

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