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Cidade brasileira não registra assassinato há 6 anos, o último ocorreu em março de 2017

Uma cidade brasileira não registra nenhum assassinato há seis anos e três meses. Parece até mentira, mas este local existe e fica localizado na região Norte do Espírito Santo. Ponto Belo é uma cidadezinha rural com 6.497 habitantes, segundo o Censo de 2022 do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Lá, o último homicídio ocorreu no dia 25 de março de 2017. Em 2023, apenas duas tentativas foram registradas. Em ambas, as vítimas não morreram e os suspeitos foram presos. Qual a fórmula dessa violência quase zero?

Segundo o delegado titular da região, Eduardo Mota, os baixos número de criems se devem ao auxílio dos moradores com denúncias, à celeridade da justiça local e à integração entre Polícia Civil, Ministério Público e Polícia Militar. Tráfico de drogas e facções criminosas praticamente não existem por lá.

Ponto Belo

O município de Ponto Belo surgiu com a ida de mineiros e baianos buscando a exploração de madeira na região.

Migrando principalmente de Minas Gerais e Bahia, as pessoas chegavam ao Espírito Santo em busca de uma uma vida melhor.

Ponto Belo tem esse nome devido a um pequeno restaurante antigo por onde os primeiros moradores da cidade passavam para fazer as refeições. O local, um ponto famoso na cidade e de vista linda para as paisagens da montanha, deu nome ao município.

Outros crimes

Seis anos e três meses, esse segue sendo o recorde da cidade quando o assunto é homicídio zero.

Apesar de não ter registro de assassinatos, Ponto Belo não é totalmente livre de crimes.

“Temos um ‘calcanhar de Aquiles’ como todo local tem: é uma região mais afastada, perto de Minas Gerais, com mais furto a propriedade e de gado”, disse o delegado Eduardo.

Para coibir esse tipo de prática, o policiamento é reforçado principalmente nas áreas rurais.

“Hoje a gente tem duas equipes que fazem policiamento nos distritos e visitas a propriedades rurais, também no período da noite e madrugada”, disse o comandante da 19ª Cia Independente da Polícia Militar, major Manoel Gambarti.

Drogas

O tráfico de drogas também acontece no local, mas em menor escala.

“A gente tem casos”, afirmou Eduardo, que complementou esclarecendo que a cidade não tem o perfil de briga entre facções rivais.

Moradores auxiliam

A vida tranquila na cidade se deve muito à postura dos próprios moradores: eles auxiliam sempre com denúncias.

“O grande êxito dessa conquista está na integração entre as polícias e a prefeitura, e também na colaboração da população com informações”, destacou Eduardo.

O delegado relembra um caso que exemplifica muito bem a ação da população. Há pouco meses um traficante conhecido no Noroeste do Estado fugiu do sistema prisional de uma cidade próxima e se escondeu em Ponto Belo.

“Ele achou que ia durar muito na cidade. Queria tirar onda, publicava fotos com armas e drogas. Rapidinho recebemos denúncias e ele foi preso, não chegou a ficar nem três meses”, relembrou o oficial.

Poder público ativo

Outro motivo que faz Ponto Belo ter os números que tem é a ação coletiva do poder público.

“A PM tem uma sintonia muito grande com outros órgãos como a Polícia Civil, Ministério Público e Poder Judiciário. Isso permite que a gente faça ações com uma rapidez e continuidade boa”, ressaltou o major.

Manoel ainda lembrou que os mandados na cidade são emitidos com muita celeridade, o que contribui para operações rápidas e com alta frequência.

Prevenção

Um obstáculo a ser vencido é que o município faz divisa com dois estados, Minas e Bahia e há uma preocupação de a região ser utilizada como rota de fuga.

“É um desafio que a gente tem. Em função disso, temos um contato estreito com a PM de Minas e da Bahia. Compartilhamos informações, experiência e em alguns momentos até operações conjuntas”, afirmou o militar.

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