loader

”O papel dos países ricos, agora, é pagar”, diz ministro do Meio Ambiente

Nova York — O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desembarcou, ontem, em Nova York, num esforço para melhorar a imagem do governo brasileiro antes da chegada do presidente Jair Bolsonaro para a abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Sem citar Antonio Guterrez, o secretário-geral da ONU, o ministro disse, em entrevista exclusiva ao Correio, que chegou à cidade “pronto para falar” na cúpula das mudanças climáticas, amanhã, mas, “numa manobra política, me parece que o secretariado-geral preferiu deixar só chefes de Estado”. A acusação soa como uma resposta à cobrança feita por Guterrez, de responsabilidade dos países para ações nessa área. “O Brasil é o que tem mais para mostrar e que cumpriu mais metas dentro do Acordo de Paris. Fazem acusações injustas ao Brasil”, afirmou, cobrando dos países ricos que cumpram a sua parte. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O que o senhor tem a dizer sobre a afirmação do secretário-geral da ONU, Antonio  Guterrez, de que os países têm que ter responsabilidade sobre a Amazônia?

Nós sabemos das nossas responsabilidades, temos agido de acordo com elas. E da parte dos países ricos, nós queremos que eles cumpram o que se comprometeram no Acordo de Paris, não só com suas próprias metas, mas, principalmente, com o pagamento dos US$ 100 bilhões que se comprometeram com os países em desenvolvimento e que começa no ano que vem. Seria bom eles darem a indicação de que isso vai acontecer, ao contrário do Protocolo de Kyoto, que até hoje não deram vazão aos créditos brasileiros.

Qual é essa dívida?

São 250 milhões de toneladas de carbono que o Brasil tem de crédito, segundo o mecanismo de desenvolvimento limpo do Protocolo de Kyoto. Se nós calcularmos a US$ 10 por tonelada de carbono, estamos falando em US$ 2,5 bilhões que, há 14 anos, estamos tomando calote.

O que o senhor já conseguiu aqui?

Toda essa viagem — Washington, Nova York e Europa — tem três objetivos. O primeiro é conversar com os meios de comunicação, ou seja, imprensa, seja televisão, sejam jornais, para explicar efetivamente o que está acontecendo com o Brasil, os planos que temos para o meio ambiente, não só para a Amazônia, mas também para a agenda urbana. Enfim, é uma viagem de comunicação, sobretudo. Fizemos isso em Washington durante dois dias: Associated Press, Reuters, Wall Street Journal. O segundo é explicar para os investidores o que está acontecendo e aquilo que a gente pode fazer no Brasil, oportunidades para investimentos, enfim, não só na parte de bioeconomia, mas também de saneamento, lixo, agenda urbana de meio ambiente. Para isso, tivemos reunião com várias companhias americanas e europeias que têm escritórios em Washington. E, ainda, a US Chamber, a câmara americana de comércio. Os maiores investidores do Brasil estavam lá. O terceiro são as entidades ambientalistas e os acadêmicos. E vamos repetir esse tipo de agenda aqui em Nova York e na Europa, Alemanha e Inglaterra.

 

Comentários