
Nas últimas semanas, pela primeira vez depois que assumiu o 3º mandato, o presidente Lula cumpriu agendas oficiais no Acre. Por aqui, ele anunciou um pacote de investimentos no estado que supera R$ 1 bilhão em recursos federais.
Apesar do investimento massivo no Acre, ao que tudo indica, segundo uma pesquisa da Real Time Big Data, a notícia não surtiu muito efeito sobre a imagem de Lula no estado. De acordo com os números, o presidente é desaprovado por mais 70% dos acreanos.
E é justamente essa rejeição de Lula no estado que foi criticada pelo ex-senador e atual presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, em recado enviado a coluna. Ele destacou que os avanços mais importantes na história do Acre foram feitos nas gestões do presidente.
De olho em uma vaga no Senado e com planos de montar uma chapa competitiva para o Congresso Nacional pelo PT, Jorge aproveitou para destacar que os planos do partido é mostrar, na prática, a quantidade de projetos importantes o Governo Lula promoveu no Acre.
“Trabalhar para que haja um reconhecimento a partir de conversas do quanto que o Lula foi importante pro Acre ter os momentos de desenvolvimento, de melhorias. Porque se tirar o que o Lula fez no Acre não sobra muita coisa não. E aqueles que ultimamente ganharam tudo, não se empenham em resolver os problemas do nosso povo”, destacou.
No recado, Jorge destacou ainda que no momento, não há mais espaço para o extremismo, em nenhum dos lados, e criticou alguns políticos do Acre que seguem aliados a agenda de intolerância e preconceito.
“É muito lamentável. A gente não pode conviver com extremistas. Tem pessoas de direita, de centro, de esquerda, que estejam no campo democrático, ok! Agora a gente tem que conviver com pessoas que não aceitam, que tem intolerância, que tem preconceito. A gente não estava acostumado a isso. O Brasil precisa voltar a ser um país admirado”, completou.
Uma análise do colunista
A fala de Jorge Viana escancara um desafio duplo para o PT no Acre em 2026: recuperar espaço eleitoral em um estado onde Lula amarga altos índices de rejeição e, ao mesmo tempo, construir palanques competitivos para além da sua própria figura.
Internamente, dirigentes petistas reconhecem que o partido perdeu capilaridade. Hoje, a legenda não tem uma bancada expressiva na Assembleia Legislativa, tampouco nas Câmaras municipais. A aposta é que os investimentos federais possam servir de vitrine, mas há o temor de que isso não reverta em votos — sobretudo diante do avanço do bloco bolsonarista, que segue com forte mobilização nas ruas.
Outro ponto sensível: quem será a cara do PT no Acre em 2026? Há quem defenda Jorge como candidato natural ao Senado, mas há setores que avaliam que ele precisa “oxigenar” a chapa com novos nomes, sobretudo de lideranças jovens – o vereador André Kamai pode ser a chama viva disso na capital. O risco é ficar preso ao passado.
Nos bastidores, aliados de Jorge afirmam que ele deve usar sua projeção em Brasília para tentar atrair recursos e articular alianças. O problema é que, sem um nome competitivo para a disputa do governo do estado, a sigla pode acabar refém da polarização entre Gladson e Mailza e os candidatos da oposição de direita.
No Planalto, auxiliares de Lula acompanham com atenção o cenário. A ordem é reforçar a presença federal no Acre, mas com a consciência de que, mesmo com recurso novo, a narrativa política precisa ser bem trabalhada. E aquele ditado: “Obra sem dono não dá voto”.
Por Mateus Melo
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