
Com a friagem na região do Alto Acre, em Xapuri, o clima ameno e acolhedor ajudou a tornar ainda mais especial a cerimônia do Casamento Coletivo do Projeto Cidadão, realizado pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). Ao todo, 61 casais oficializaram a união na cerimônia na terça-feira, 24, no segundo dia de atendimentos do Programa Justiça Itinerante Cooperativa na Amazônia Legal, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Francisco Porfírio da Silva, 70 anos, e Maria Vicente Flor, 75 anos, foram os primeiros a chegar na quadra da Escola Divina Providência. O casal está junto há 13 anos e se conheceu quando ambos estavam recém separados. Francisco conta que se encantou com Maria, quando foi comprar um pedaço de terra da família da noiva. Mas, ela olhou ele e achou-o fedido. A filha dela fez o papel de cupido, dizendo: “ele está assim porque não tem pra quem se arrumar”. Aí a relação iniciou e engrenou, agora ele todo perfumado, arrumado e com sorriso no rosto oficializou a união com a amada.
O casamento foi realizado pelo juiz de Direito Luís Pinto, titular da Comarca, com a participação do conselheiro do CNJ, Alexandre Teixeira, do corregedor-geral da Justiça do Acre, Nonato Maia, do coordenador do Projeto Cidadão do TJAC, Samoel Evangelista, do juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Jônatas Andrade, da promotora de Justiça Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Júlia Flores, da juíza federal Luzia Farias, do Prefeito de Xapuri, Maxsuel Maia Maia, e outras autoridades. Todos declarando terem se emocionado com o momento.
“Esse momento é um momento muito importante, porque o que faz sentido para o Conselho Nacional de Justiça é estar onde a cidadania está. Não existe lugar mais propício para cidadania chegar do que em uma família. E aqui vemos pessoas publicamente e coletivamente são famílias, demonstrando para sociedade a importância do amor. E não existe forma mais bonita de demonstrar dignidade, se não através do amor”, disse Alexandre Teixeira.
As noivas e os noivos ganharam da Prefeitura bolo e um porta retrato, com foto do casal tirada na cerimônia. Também teve decoração, entrada no tapete vermelho, tudo preparado para demonstrar o carinho e o respeito aos casais. Respeito que é imprescindível para o casamento e promoção de cidadania e direitos, como ressaltaram Eulanda Maria Moreira e Uirla Lima dos Santos, que estão juntas há seis anos e enfrentam o preconceito para ficarem juntas.
“Tem muito preconceito. Tem muita gente que olha para gente de lado. É bom casar mesmo pra mostrar pro mundo que a gente se ama, né?”, falou Eulanda. O casamento delas foi uma surpresa para Uirla. A noiva Eulanda só pegou os documentos dela na semana passada e arrumou tudo sem avisar para o que era, aproveitando a chance quando passaram na escola avisando que teria a ação itinerante e o casamento. Mas, quando foram se habilitar no cartório, Eulanda perguntou a Uirla se ela queria mesmo, porque até ali podia desistir. Não desistiram e se casaram ontem.


O TJAC oferta esse serviço para poder regularizar as uniões nas caravanas do Projeto Cidadão, que completa 30 anos de existência, levando cidadania às comunidades carentes, indígenas, ribeirinhos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Além da programação de direitos, um dos objetivos é ampliar o acesso aos serviços públicos. Leisa Souza Soares e Jonias Moura Pantoja participaram do casamento pela facilidade e gratuidade. “É uma ajuda, é uma mão na roda”, comentou Jonias, segurando a filha deles, Lara de um ano e oito meses.

Durante o dia de atividades, junto aos atendimentos, ainda houve a assinatura de 100 contratos de créditos de carbono, para fomentar as mulheres a investir em suas áreas nos assentamentos, polos e reserva. Ações que seguem até sexta-feira, 27.






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