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Acreano Artur Oliveira fala de sua quase ida para o Flamengo, Liga dos Campeões e chegada ao Botafogo

Dono de uma carreira vitoriosa vestindo a camisa de Remo e Porto, além de ter defendidos clubes como Boavista-POR, Vitória e Botafogo, o ex-atacante acreano Artur Oliveira, atualmente com 53 anos, foi o convidado do segundo Resenha Aquiry, quadro de entrevista do Jornal do Acre 1ª edição.

Entre os assuntos abordados, ele explicou como surgiu o apelido de rei, relembrou momentos especiais da carreira, listou os gols mais bonitos que marcou, o zagueiro mais difícil que enfrentou, o melhor companheiro de ataque, além de recordar sobre as passagens com as camisas do Vitória e Botafogo, quando retornou ao Brasil após deixar o Porto em 1999.

– Esse apelido pegou mesmo em Belém. Mas num jogo aqui entre Paysandu e Independência, que foi o jogo que me tirou aqui do Acre, no Campeonato Brasileiro, vencemos o Paysandu por 3 a 0, eu fiz dois gols, e aí o Chico Pontes narrando o jogo falou: “menino de ouro rei Artur”. Quando cheguei em Belém do Pará, quando fui recebido pela torcida do Remo, quando entrei no Baenão, subi a escada e entrei no campo, a torcida toda começou a gritar: “ei, ei, ei Artur é nosso rei”. E a partir daí só me chamaram de rei Artur, algo que ficou até hoje.

Invencibilidade no Re-PA

– É uma rivalidade lá muito grande. É algo que também fica no meu currículo como atleta nunca ter perdido pro nosso rival (foram seis jogos, três vitórias e três empates). É uma rivalidade muito grande e sempre falo que Re-PA é um campeonato à parte. Você ganha fica tranquilo, pode sair à vontade na rua, se você perder tem que ficar em casa trancado. E, graças a Deus, como jogador pude sair sempre na rua.

Ida para o futebol português

– Aconteceu eu fazendo um excelente Campeonato Brasileiro pelo Remo, fizeram uma fita minha, mandaram essa fita pra Portugal. O presidente do Porto, Pinto da Costa, e o presidente do Boavisa, major Valentim Loureiro, viram essa fita. O presidente do Porto pediu para o Carlos Alberto Silva, que era o treinador do Porto na época, ir em Belém me ver, e o presidente do Boavista pediu pra eu ir lá pra ver se eu era o mesmo jogador que estava naquela fita com medo de ser montagem. Acabou que o treinador do Porto não foi a Belém e eu acabei indo a Portugal a convite do Boavista num contrato já amarrado com cláusula de compra, pra disputar um torneio Cidade do Porto. Na final fomos campeões com gol meu. Acabou o jogo, o presidente e o treinador me trancaram numa sala e falaram que eu não ia mais voltar pro Brasil, ia ficar em Portugal porque eles iam exercer do direito de compra que estava estipulado no contrato.

Carinho pelo Boavista

– O Boavista foi minha primeira paixão em Portugal. Foi um clube muito especial, onde joguei quatro anos espetaculares. Foi o clube que me preparou pra chegar no Porto e vencer.

Gol na estreia na Liga dos Campões sobre Milan no San Siro

– Algo que eu só via na televisão. Você enfrentar os melhores jogadores do mundo porque o Milan naquela época era uma seleção. Era uma seleção com George Weah, Roberto Baggio, Baresi, Maldini, e nós vencemos esse jogo lá por 3 a 2. Lembro que só queria correr porque talvez foi uma das maiores alegrias que tive na vida porque passa um filme na cabeça. Vem um filme e todo o percurso que você fez pra chegar até ali. Talvez foi a maior alegria que tive na minha vida e quando acaba o jogo, estamos saindo, e Maldini vem em minha direção pra trocar a camisa comigo. Então, esse é o maior troféu que tenho. Guardei algumas camisas de Liga dos Campeões, duas muito especiais, a dele e a do Roberto Carlos, enfrentei os dois na Champions, e é uma camisa que guardo com muito carinho porque foi a minha estreia na Liga dos Campeões e marcando um gol em San Siro foi algo que marcou minha carreira em Portugal.

Quase ida para o Flamengo e recusa para se naturalizar português

– Eu naquela época achava que não era justo ocupar uma vaga de um jogador português porque sempre dentro de mim tinha um sonho de jogar na seleção do meu país. Quando apareceu a possibilidade do Flamengo, que o Paulo Autuori, que era o treinador do Flamengo na época, me ligou, eu acertei tudo com o Flamengo, mas faltava o meu treinador (Antônio Oliveira) liberar. Teve um jogo Porto x Benfica, que é a maior rivalidade em Portugal, o Kleber Leite, que era o presidente do Flamengo, foi me ver jogar. Nesse jogo meu treinador me colocou no banco. Benfica massacrando a gente no nosso campo, a torcida xingando ele (treinador), vaiando ele. Aí ele mandou aquecer no intervalo pra entrar. Entre, ganhamos por 2 a 1 com dois gols meus. O Kleber Leite me parabenizou, que eu era tudo que o Paulo Autuori tinha falado, mas o treinador do Porto não me liberava.

Mágoa nenhuma com o treinador

– Não. Não até porque acabei o ano campeão, ganhando a Taça de Portugal, que é uma Copa do Brasil, fazendo gol de bicicleta na final no Jamor, um estádio muito especial. Foi um ano de muitas conquistas também. É porque acho que não tinha que acontecer.

Gol contra o clube do coração pelo Vitória

– O Vitória estava montando um timaço pra tentar ser campeão da Copa do Nordeste. Trouxe o Petkovic, que vinha do Real Madrid. E muita gente diz: “o Vasco era o teu time e tal”, mas nessa hora você não lembra muito disso. O clube que estou defendendo as cores era o Vitória e um dos jogos que marcou essa trajetória no Vitória foi esse jogo contra o Vasco em 1999 (quartas de final do Campeonato Brasileiro), onde nós vencemos por 5 a 4.

Jogando no clube do coração do pai

– Meu pai só soube que acertei com o Botafogo depois que acertei. Talvez tenha sido a maior alegria que pude dar pra ele em vida. Hoje ele já não está mais no nosso meio, faleceu em 2017. Mas sei que foi algo muito especial pra ele. Talvez pensei mais nele do que em mim mesmo.

Onde gostaria de jogar e não jogou

– Se tivesse que voltar atrás teria naturalizado e jogado pela seleção portuguesa.

Melhor companheiro de ataque e melhor técnico

– O melhor companheiro de ataque que joguei foi o Dodô (no Botafogo), um jogador diferenciado, inteligente demais e um dos grandes amigos que esse futebol me deu. Um treinador que me marcou muito e que talvez foi o treinador que me preparou pra ser o jogador que eu fui se chama Manuel José, que foi meu treinador no Boavista.

Zagueiro mais difícil de encarar

– Talvez tenha sido o Mozer, no Benfica, em Portugal.

Top 3 gols mais bonitos

– Meu terceiro gol vai ser o que fiz contra o Paysandu pelo Independência, que peguei a bola do meio-campo, saí driblando a equipe do Paysandu, driblei o goleiro e fiz o gol. O top 2 vai ser meu gol que me abriu as portas em Portugal, que foi o gol contra o Futebol Club do Porto jogando pelo Boavista no Torneio Cidade do Porto, onde driblei um defensor do Porto, bati de perna esquerda de fora da área e o Vitor Baia não conseguiu defender. E o gol que marcou a minha carreira, fiz muitos, mas o gol em San Siro é muito especial pra mim. Foi meu primeiro jogo na Liga dos Campeões, diante de um Milan que era muito poderoso e driblando um dos maiores zagueiros do mundo que foi o Maldini.

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