Em nota técnica, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) cita o prejuízo do uso de máscaras no longo prazo em ambientes socioeducacionais e apoia, com cautela, a presença de alunos sem máscara em sala de aula. O documento foi divulgado nesta sexta-feira (11).
Na avaliação, a Fiocruz considera a queda nos índices do novo coronavírus. “Como resposta ao atual contexto de expressiva redução da transmissibilidade de Covid-19 verificada em alguns territórios e, também reconhecendo os prejuízos do uso de máscaras de longo prazo em ambientes socioeducacionais, propomos, com cautela e contínua avaliação, o apoio às medidas de flexibilização dos protocolos sempre que definidas por autoridades sanitárias locais, apoiadas por comitês científicos”, diz na nota técnica.
No documento, a Fiocruz reforça que a máscara é extremamente necessária em um contexto de alta transmissão, mas que o uso da proteção é prática controversa em crianças da educação infantil com menos de 5 anos. “Para alguém que aprende a falar é fundamental observar a articulação das palavras pelo outro. Para alcançar a comunicação e identificar o que o outro está sentindo, a expressão da fisionomia é importante”, pontuou.
“Durante a Covid, muitas escolas e serviços de saúde adotaram a prática de crachá com nome e foto ampliada para todos como estratégia de apresentação e identificação no grupo. O prejuízo para o desenvolvimento das crianças desta faixa etária é previsível mesmo que apenas os adultos utilizem máscara, sobretudo pela duração desta medida”, completa.
A Fiocruz esclarece que a recomendação de uso ou de uso não obrigatório de máscaras em crianças deve estar apoiada em indicadores relativos à baixa circulação do vírus e indicadores gerais da vacinação.
A Fundação reconhece que o uso de máscara conferiu, ao longo dos últimos dois anos, sensação de proteção e segurança e que por isso, a mudança quanto ao uso da proteção nas escolas pode não ser aceita por todos de imediato.
“Assim, cabe não só estarmos atentos para os danos dessa prática por tão longo tempo, como também cabe acolher os receios e resistência de muitos em retirá-la. Esse processo é, portanto, singular e deve ser tolerado pelos coletivos. Talvez, para alguns, uma boa estratégia seja retirar inicialmente ao ar livre, optar por máscaras cirúrgicas e reservar o uso da N95 para raras ocasiões”, sugeriu.
Uniformidade
A Fiocruz afirma que, embora seja uma medida complexa, é importante haver uma maior uniformidade na adoção do fim da obrigatoriedade do uso de máscaras nas escolas. “[…] a contrariedade de posições entre a flexibilização do uso ou não, pode causar ainda mais insegurança na própria comunidade escolar, além de atribuir aos gestores de escolas a competência para decidir sobre um tema ao qual não possuem, habitualmente, formação”.
A nota técnica destaca que a medida de flexibilização do uso de máscaras não significa a proibição do uso. “Caberá às escolas, portanto, o estabelecimento da melhor convivência possível com as diferenças. Caberá ainda, às secretarias de educação e de saúde, a continuidade do fornecimento de máscaras para alunos e trabalhadores que precisam delas – conforme indicações de uso”, esclareceu.
A Fiocruz afirma que é importante manter medidas sanitárias como a higienização das mãos e a ventilação adequada para locais fechados. Também reforça a vacinação como a principal forma de controle da Covid-19. “A vacinação deve ser incentivada para toda a comunidade escolar, em especial, como forma de proteção indireta para os menores de 5 anos”.
De acordo com a nota técnica, as orientações sobre os protocolos nas escolas devem ser continuamente revistas e atualizadas, com base na análise da transmissibilidade e o surgimento de novas variantes do novo coronavírus.
Na nota, a Fiocruz aproveita para defender a necessidade de manutenção da máscara em ambientes com muitas pessoas. “Transportes públicos, especialmente em horários de pico, bem como ambientes com aglomeração serão sempre prioritários para adoção de medidas protetivas, dentre as quais, o uso de máscara”.
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