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Acreana Marina Silva afirma que “É hora de reconhecer que a natureza é mais forte que nós”

Os impactos decorrentes da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul no mês de maio devem contribuir para influenciar as políticas públicas ambientais em todo o Brasil. Em entrevista ao Gaúcha+ desta quinta-feira (6), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, salientou que é necessário combater o negacionismo climático e adaptar o modelo de vida nas cidades às mudanças climáticas e riscos envolvidos.

Marina Silva relembrou que em 1992, em um encontro para discutir o meio ambiente, cientistas e ambientalistas alertaram para os impactos das mudanças climáticas no futuro e a necessidade de se reinventar para evitar crises extremas – como no caso do RS. A ministra salientou que as políticas ambientais devem considerar evidências e estudos, não apenas interesses econômicos.

— Infelizmente, os alertas da ciência, dos ambientalistas, não foram considerados e hoje nós já vivemos sob os efeitos das mudanças climáticas com os eventos extremos. O que nós vamos ter que fazer é um processo de nos adaptar às mudanças que já estão acontecendo, de nos preparar para essas mudanças e ter uma ação voltada para transformar o modelo insustentável que levou a esse desequilíbrio. (…) As políticas públicas terão que ser feitas com base em evidência, olhando para o que a ciência está dizendo (…) Quando eu digo que a gente tem que fazer política pública com base em evidência, é para que a gente não faça as coisas simplesmente porque quer lacrar, ou porque quer ganhar simpatia, ou porque quer ganhar votos. A gente tem que fazer aquilo que é efetivo — disse à Rádio Gaúcha.

Marina pontuou que reconstruir áreas totalmente devastadas não é o suficiente, já que um novo evento climático pode destruir tudo novamente. Municípios do Vale do Taquari que foram atingidos pelas enchentes em setembro de 2023 voltaram a sofrer impactos da enxurrada que atingiu o Estado entre abril e maio deste ano.

Referente as mudanças climáticas, Marina enfatiza que o grande impacto climático a partir da emissão de CO2 na atmosfera tem origem na ação de grandes empresas. A ministra ressalta que é necessário pensar na “gestão de risco”, para considerar possibilidades antes dos eventos climáticos, e não apenas na “gestão de crise”, reconstruindo após os desastres. 

Com base em dados climáticos, em conjunto com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e com o Ministério da Ciência e Tecnologia, Marina Silva revela que o governo trabalha na elaboração de um plano de contenção de risco, pioneiro no mundo. O projeto prevê um novo regime jurídico, similar ao decreto de calamidade, no qual municípios que estejam em situação de risco e emergência recebem de maneira mais ágil a ajuda humanitária e recursos para reconstrução. Conforme Marina, 1942 municípios de todo o Brasil, que somam 80 milhões de habitantes, seriam incluídos permanentemente no plano.

Gaúcha+

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