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“Filhote de urubu ou de macaco”, diz médica sobre criança de 3 anos e vira alvo de investigação

Uma médica virou alvo de investigação por racismo contra uma paciente de apenas 3 anos de idade. A mãe da menina registrou Boletim de Ocorrência na última terça-feira (7), em Feira de Santana.

De acordo com o Blog do Velame, a profissional, que é ultrassonografista, teria perguntado se a criança era ‘filhote de urubu ou de macaco’. O caso está sendo analisado pelo IHEF – Laboratório, Diagnóstico por Imagem e Medicina Nuclear, onde ocorreu a situação.

Diante da situação, a mãe da garota acionou a Polícia Militar, mas quando os policiais chegaram no local, a médica já tinha deixado a clínica.

O grupo empresarial enviou a seguinte nota:

O IHEF Clínica de Imagem recebeu, através da ouvidoria, uma denúncia de injúria racial. Lastreado pela sua missão e valores, de cuidar com amor, excelência e respeito à vida das pessoas, o IHEF reforça não compactuar com qualquer manifestação ou conduta racista. Já foi instaurada sindicância interna para apuração dos fatos e evolução das medidas administrativas cabíveis. A empresa está à disposição das autoridades competentes para colaboração no que for necessário e informa que a profissional envolvida foi afastada das suas funções tão logo recebida a denúncia, para melhor apuração e esclarecimento dos fatos.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Feira de Santana também repudiou o caso e emitiu a seguinte nota:

OAB/BA Subseção de Feira de Santana, através da sua comissão de Igualdade Racial vem manifestar repúdio, por meio desta nota, em relação ao ato de racismo veiculado nos meios de comunicação da cidade, que ocorrera nesta quarta-feira (08/03), envolvendo uma médica de uma clínica particular, na qual, segundo a mãe do paciente que tem apenas 03 anos de idade, foi-lhe perguntado se ela era filha de macaco ou urubu.

Situações como a descrita acima não podem ser invisibilizadas, visto que, na remota e intolerável hipótese de “tom de brincadeira”, a atitude só propaga preconceito, ganhando um alcance ainda maior e pior quando direcionados aos menores de idade, vulneráveis por sua natureza. Tais atitudes não só atingem o âmago psicológico, como também de identidade e formação enquanto ser humano.

O racismo é inaceitável em todos os casos, porém quando direcionado às crianças demonstra sua face ainda mais violenta e criminosa, o que carece, não apenas de repulsa, mas de investigação e punição, nos termos da lei.

Racismo é crime! Desta forma, a OAB, através da sua comissão, ficará atenta e acompanhará o desenrolar desse processo, esperando, decerto, que a instituição privada adote as devidas providências acerca do ocorrido, bem como o Ministério Público fiscalize, denuncie e busque a devida punição por tal ato criminoso, prestigiando sempre o devido processo legal.

A devida punição atinge somente as pessoas envolvidas, mas também tem caráter educativo e preventivo, notadamente quando permite que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de respeitar as pessoas, independente de cor da pele, religião, sexualidade.

Repugnamos veementemente o ocorrido, e seguimos comprometidos em denunciar e cobrar a efetiva aplicação da Lei no combate ao racismo em nossa sociedade.

Segundo a denúncia, a médica identificada como Margarete Pimparel Vital, que é ultrassonografista, foi afastada das funções enquanto o caso é analisado pela empresa.

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