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Quem deve teme!

A maioria dos funcionários públicos passa o dia nas repartições sem fazer nada pela prosaica razão de que no município, paralisado e numa espécie de compasso de espera, não há nada para fazer. A não ser esperar. E temer. Aliás, os servidores públicos, como de resto a cidade, o que mais fazem é comentar o assunto que está na ordem do dia: a possibilidade de prisão dos acusados de promoverem uma espécie de “festival de laranjas”, com a nomeação de várias pessoas cujos salários não chegavam a elas e eram desviados por pessoas ligados ao prefeito Antônio Cordeiro da Silva, o “Joãozinho”, também conhecido por “O Bode”. O caso é objeto e uma investigação da Câmara Municipal, que já ouviu algumas pessoas, algumas das quais também já caracterizadas como delatoras na Policia Federal. O que era apenas conversa de bastidores, por conta disso, virou um escândalo e fez aumentar o temor de prisões na cidade.

Joãozinho, atual prefeito, é investigado pela Justiça/Foto: reprodução

A propósito, o próprio prefeito não esconde o temor de que possa vir a ser preso numa futura e possível operação da Polícia Federal, cujas ações, nesses casos, costumam acontecer ao raiar do dia. “O prefeito já não dorme e quando sabe que vai ser vencido pelo sono, dorme fora da cidade”, disse uma fonte do ContilNet no município.

O temor do prefeito tem razão de ser. Ele é o vice-prefeito do prefeito afastado José Augusto, há 13 meses fora do cargo por decisão judicial, acusado de vários crimes contra a administração pública num processo em que o Tribunal de Justiça do Acre, através do desembargador Laudivon Nogueira, o mesmo que o afastou, julgou-se incompetente para julgar e processar os envolvidos. Com isso, o processo subiu para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, o que suscitou a possibilidade do retorno do prefeito ao cargo. Vereadores aliados do prefeito afastado, incluindo o presidente da Câmara Municipal, Richard de Oliveira de Souza (PSDC), até cogitaram, depois disso, realizarem uma sessão na qual reempossariam o prefeito, mas foram desaconselhados pela banca de advocacia que defende José Augusto.

Com isso, “Joãozinho” ou “O Bode” segue no cargo, mas estaria praticando os mesmos crimes – ou mais graves – atribuídos a José Augusto. Ele está com tanto medo de ser preso que, há duas semanas, foi o personagem principal de um drama que retrata bem a situação vivenciada hoje em Capixaba: o helicóptero Harpia 1, do Governo do Estado, vindo de uma localidade isolada do interior do Acre e precisando de um abastecimento para poder chegar a Capital, pousou no município, num campo de futebol. Enquanto um veículo de apoio se deslocava para o local levando o combustível ao helicóptero, o prefeito em exercício e parte de seus assessores fugiam da cidade em vários veículos e em alta velocidade, rumo às matas da zona rural do município, com ares de desesperados. Uma cena hilária e dramática. Só reapareceram quando foram informados de que o helicóptero havia decolado e que quem estava a bordo não eram agentes federais.

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