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No Acre, menino de 4 anos comemora aniversário no dia do Gari com trabalhadores: ‘Meus heróis’

No coração de uma rua simples, longe dos holofotes, nasceu uma amizade genuína entre um menino de quatro anos e os profissionais que mantêm a cidade limpa. José Emanuel completou mais um ano de vida na última quarta-feira (15), mas o que ele queria não era brinquedos caros ou super-heróis de fantasia: seu maior sonho era comemorar o aniversário com o “time do lixo”, como ele mesmo chama com orgulho os garis que colecionaram sua admiração.

Desde pequeno, José acompanha a avó levando o lixo para fora de casa nos dias de coleta — segunda, quarta e sexta. Com o tempo, os acenos se transformaram em conversas, brincadeiras, sorrisos e picolés compartilhados na calçada. “Eles passam, brincam com ele, compram picolé e sentam pra tomar com ele. Ganharam ele”, contou a mãe, Samara, entre risos e emoção ao ContilNet.

O carinho se tornou tão grande que José passou o ano inteiro pedindo uma festa com o tema dos garis. “Mãe, faz uma roupa igual a dos amigos. Mãe, eu quero um caminhão desse tamanho na minha festa”, dizia ele. No entanto, devido à situação financeira, Samara não conseguiu realizar o sonho do filho como ele imaginava. Ainda assim, tentou fazer algo especial.

No dia 15, improvisou uma pequena comemoração com as primas do menino, mas usou um tema diferente, o que deixou José chateado. “Ele chorou, ficou triste porque queria o bolo dos garis”, contou a mãe. Foi aí que veio a surpresa: no dia seguinte, 16 de maio, sem ela saber, era justamente o Dia do Gari.

E quem apareceu? Seus amigos de verdade. O caminhão demorou a passar, e o pequeno José ficou ansioso, indo até a esquina várias vezes. Quando finalmente os garis chegaram, encontraram um café da manhã simples preparado por Samara — e um menino com os olhos brilhando de felicidade.

“Ele não chama de gari, ele diz que são os amigos dele. Ouve a zoada do caminhão e já corre pra calçada, mesmo se não tiver lixo. Eles criaram uma amizade muito legal”, completou a mãe.

A história de José Emanuel viraliza pela doçura e pela lição: para ele, heróis vestem uniforme laranja, dirigem caminhões e dividem picolés numa calçada de bairro. E num mundo com tanta pressa, ele nos lembra do valor da amizade, da gratidão — e da importância daqueles que fazem a cidade funcionar silenciosamente todos os dias.

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