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No Acre, mães reeducandas e fihos se emocionam com abraços “Ai meu Deus, eu vou ver minha mãe”

“Esta oportunidade é importante para nós, a gente se sente um pouco livre, abraçando nossos filhos. Esse momento que passamos aqui a gente se sente abraçada pela sociedade, pelos nossos filhos. É pouco tempo, mas é muito pra nós. Nós nos sentimos acolhida”, agradeceu uma mãe reeducanda que não via as filhas há um ano e meio e com esta edição de final de ano do Projeto Abraçando Filhos do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), pode nesta quinta-feira, 19, reencontrar e abraçar muito as três meninas.

O momento aconteceu das 9h às 10h30 no átrio do TJAC, em Rio Branco, com a organização da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) e do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF) da Justiça estadual e teve o apoio do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC). Foram reunidas fora do ambiente prisional 24 mães e 47 filhas e filhos, além de familiares dessas mulheres.

A desembargadora Waldirene Cordeiro, coordenadora da CIJ, ressaltou a importância da continuidade no processo de ressocialização das mães, lembrando-lhes que seus filhos as aguardam do lado de fora. “É um momento de felicidade, é um momento de as senhoras encontrarem as preciosidades de vocês, que são seus filhos e filhas. O momento que vocês estão passando ainda no sistema carcerário, é uma fase de reflexão para vocês lembrarem que fora do sistema tem crianças, tem vossos filhos aguardando por esse momento, por esses abraços, por essa orientação para o caminho do bem. O futuro é dos vossos filhos e filhas, mas eles precisam do apoio de vocês”, comentou Cordeiro.

A edição foi realizada em clima de confraternização pelas festas de final de ano, com um lanche disponibilizado para as famílias e assistidas, e a distribuição de brindes, que foram arrecadados durante a inscrição da corrida pelo Dia do Servidor, em outubro. O supervisor do GMF, desembargador Francisco Djalma, desejou um futuro melhor para as mães e as crianças: “É muito especial para as mães e para as crianças que têm a oportunidade de abraçar os seus filhos nesta época de festas de final de ano.

A desembargadora-presidente do TJAC, Regina Ferrari, que atuou na articulação do projeto para ser implementado no Poder Judiciário do Acre, enfatizou que a ressocialização das mulheres privadas de liberdade é fundamental para que, ao saírem do sistema carcerário, possam retomar suas vidas de forma digna e oferecer um futuro melhor aos seus filhos. A magistrada que está em agenda institucional Estado do Amazonas, enviou mensagem as participantes.

“Com o projeto Abraçando Filhos, as mães têm a chance de resgatar sua autoestima e refletir sobre o impacto de suas ações. É importante que elas vejam e sintam o quanto é bom estar em família. Que aproveitem esse momento, porque a felicidade é feita de momentos e este é um momento importante que é estar em família”, disse a presidente.

Imagem feita no prédio da sede administrativa do Tribunal de Justiça do Acre, localizado na Capital do Estado do Acre, Rio Branco, rua Tribunal de Justiça, sem número, bairro Via Verde. Onde mostra a presidente do Tribunal de Justiça do Acre, servidoras, servidores, colaboradores e parceiros participando de Projeto do Tribunal de Justiça do Acre. Projeto Abraçando Filhos: TJAC proporciona momento de amor entre mães encarceradas com seus filhos Realizado pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) desde 2016 o projeto visa garantir o direito de crianças e adolescentes a convivência familiar e também promover a ressocialização de mães que estão privadas de liberdade A avó paterna Francisca Osório do Nascimento segurou a mão do pequeno Kauan Lucas de três anos de idade, e colocando o menino no colo, disse “ela nem é minha filha e já estou chorando”. Os dois estavam ansiosos, foram até a parte lateral do átrio do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) tentar enxergar entre as árvores que cobriam o estacionamento, as mulheres que desciam do ônibus do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). A avó e o neto vieram de Sena Madureira, com apoio da Prefeitura da cidade, nesta sexta-feira,10, para que o menino conhecesse e abraçasse a mãe, pois já tinha dois anos que a mãe e filho não se viam, porque ela está cumprindo pena privativa de liberdade e a avó cria o pequeno desde muito cedo. Quando se aproximam, Francisca abraça a mãe de Kauan, que estava tímido, escondido atrás das pernas da avó. Ela se vira para o neto e diz “Essa aqui é sua outra mãe, meu filho” e os três se abraçam, assim como as outras 24 mães que vieram até a sede do Tribunal encontrar seus filhos e filhas em mais esta edição do projeto “Abraçando Filhos”, da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do TJAC com apoio do Iapen. Essas mulheres estão cumprindo pena na unidade penitenciária feminina em Rio Branco e nenhuma das 44 crianças e adolescentes, que tinham de 0 a 15 anos, possuem carteirinha para visitarem suas mães, ou seja, essa foi uma oportunidade única em anos para se reunirem com suas mães, matarem as saudades e celebrarem o Dia das Mães, com o melhor presente: o abraço. Outra mãe, que pediu para falar ao microfone, estava há quatro anos sem ver sua filha de 10 anos. Com a menina no colo, emocionada, como muitas pessoas, inclusive servidoras e servidores que presenciavam o momento, ela disse: “Hoje está sendo o dia mais feliz da minha vida. Por mais que eu não vá com ela, mas eu tô com ela nos meus braços e sei que isso não tem preço que pague. Então, eu quero agradecer vocês por tudo que vocês fazem para que esse dia seja realizado, porque eu sei que da mesma forma que nois enfrenta dificuldade, vocês enfrenta (sic) para fazer isso daqui por nós. Então, quero agradecer de coração”. Envolvimento Esta foi a 12ª edição do projeto, iniciado em 2016 pelo Judiciário acreano e continua tocando no coração das famílias beneficiadas e das pessoas que estão envolvidas na organização do evento. A iniciativa é inspirada em um projeto similar do Tribunal de Justiça de Goiás e tem o objetivo de garantir o direito das crianças e adolescentes a convivência familiar em ambiente seguro e acolhedor e auxiliar na ressocialização das mulheres. Por isso, que dentro do TJAC o “Abraçando Filhos” mobiliza a Presidência, a CIJ, o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF), a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv). Mas, para tudo acontecer a parceria do Iapen é essencial na realização e ainda teve o apoio do projeto “Família Acolhedora”, da Prefeitura de Rio Branco com parceria do TJAC. A equipe do Serviço de Acolhimento Familiar (SAF) da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), responsável por conduzir o “Família Acolhedora”, foi cedinho buscar três irmãs que acolhidas em uma família em Capixaba e trazerem para verem a mãe que veio do presídio até o Tribunal. Além disso, neste ano o “Abraçando Filhos” teve a ajuda da Secretaria de Estado da Mulher (Semulher) e da Prefeitura de Sena Madureira, que trouxe as duas famílias citadas no início da matéria. Envolvimento de todas e todos por esta ação social que proporciona momentos de felicidades, como disse a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Regina Ferrari: “É um espaço para vocês estarem com filhos, com os familiares e que vocês possam estar neste momento fortalecendo vínculos. Aproveitem esse momento, porque a felicidade é feita de momentos e este é um momento importante que é estar em família”. Dia das Mães Estar em família foi importante para Cristina Filgueiras Luna que pode estar com sua filha, ao trazer a neta para encontrar a mãe. A celebração antecipada do Dias das Mães foi com muitos beijos, abraços e elas agradeceram. “Dificilmente a gente tem oportunidade de estar com nossas famílias. Muitas presas nem visita têm e essa foi uma ótima oportunidade de eu ver minha filha e minha mãe perto do Dia das Mães”, disse a mãe, que está cumprindo pena e não via sua filha há quase dois anos. Junto com a presidente do TJAC foram prestigiar a atividade, a coordenadora da Comsiv, desembargadora Eva Evangelista, o supervisor do GMF, desembargador Francisco Djalma, a vice-coordenadora da CIJ, Andrea Brito, o promotor de Justiça Tales Tranin, o diretor executivo operacional do Iapen, Tienio Costa, a diretora do presídio feminino de Rio Branco, Dalvani Azevedo, e a representante da Semulher, Luzivera Batista, assim como, servidoras e servidores. Um encontro entre autoridades, representantes de instituições e poderes públicos, mães privadas de liberdade, filhos, filhas, famílias que marcou a manhã desta sexta-feira, véspera do Dia das Mães.

Ressocialização

O projeto Abraçando Filhos começou a ser realizado pelo TJAC em 2016, com objetivo de garantir os direitos das crianças e adolescentes em conviver com a família. Mas, a ação social consegue promover a ressocialização das reeducandas e gerar dignidade para as mulheres que estão cumprindo pena privativa de liberdade.

O diretor do Iapen/AC, Marcos Frank, ressaltou esse caráter do projeto: “O projeto é de iniciativa do Tribunal, é um projeto que fortalece o vínculo familiar e contribui para o bom comportamento e o cumprimento da pena, dentro da unidade prisional. Como esse temos outros projetos que são fomentados pelo Tribunal de Justiça, que proporcionam da mesma forma a remissão penal. Então, agradecemos mais uma vez a parceria do Tribunal de Justiça com o Iapen e estamos aqui para contribuir”.

Encontro

Também foram até o átrio do TJAC participar da atividade as juízas Isabelle Sacramento (auxiliar da Presidência do TJAC) e Andréa Brito (coordenadora do GMF), assim como, o diretor da unidade prisional feminina Jair Lira e servidoras e servidores dos poderes Judiciário e Executivo.

Apesar de ser comum as pessoas que presenciam os abraços se emocionarem, quem estava empolgada e ansiosa mesmo era Maria Valentina de 8 anos, que aguardava a mãe do lado da avó. Na hora que o ônibus trazendo as reeducandas estacionou, ela vibrou “Ai meu Deus, eu vou ver minha mãe”.

O encontro que une todas e todos os beneficiados, mostrou que a interação ultrapassa a relação maternal, afinal, as próprias agentes e servidoras da penitenciária que devem escutar os pedidos e histórias sobre os filhos, passavam ao lado das mulheres, conhecendo as crianças.

ASCOM/TJAC

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