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História de luta pela liberdade e independência, Revolução Acreana completa 123 anos

Foto: Pedro Devani/Secom

“Foram exatos 170 dias. Do dia 6 de agosto de 1902 até o dia 24 de janeiro de 1903, quando se deu a rendição final das tropas bolivianas, a Revolução Acreana, que começou em Mariscal Xucre (hoje Xapuri), localidade que na época era ocupada por bolivianos, e terminou em Puerto Alonso (atual Porto Acre), pode ser considerada um dos episódios mais importantes da nossa história durante o século 20″, escreveu o jornalista e historiador Stalin Melo.

Ainda de acordo com este e outros historiadores acreanos, a Revolução Acreana foi marcada pela liderança de Plácido de Castro, gaúcho de 26 anos que já tinha lutado anos antes na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, e estava no Acre para trabalhar como agrimensor e, por isso, acabou sendo o responsável por organizar um exército de seringueiros, comerciantes, moradores e trabalhadores da floresta para se insurgirem contra o domínio boliviano.

A ocupação do Acre por brasileiros já ocorria desde a década de 1880, motivada pelo ciclo da borracha, o “ouro branco”, que transformaria a floresta em rota de disputas econômicas. A chegada de nordestinos, que fugiam da seca e viam na floresta uma chance de recomeço, atraiu a atenção para uma região que, até então, despertava pouco interesse do governo boliviano, por ser de difícil acesso. Quando a Bolívia passou a cobrar impostos pela exploração da borracha, os ânimos se acirraram.

A historiografia acerca do período narra que a Revolução, que começou como uma disputa pelo controle da borracha, envolveu diversas fases: a insurreição de 1899, o Estado Independente do Acre, a breve República proclamada por Luís Galvez e a chamada Expedição dos Poetas. Todas ajudaram a consolidar o sentimento de pertencimento brasileiro e pavimentar a formação de um novo estado do Brasil.

A ofensiva vitoriosa começou estrategicamente no dia em que a Bolívia comemorava sua independência, uma vez que, para eles, o dia 6 de agosto é o que significa o 7 de setembro para os brasileiros. Aproveitando a distração da “festa boliviana”, Plácido e sua tropa tomaram Xapuri, poupando munição para os embates que estavam por vir nos próximos meses.

Conforme descreveu Melo, não houve disparo de tiros, dada a vantagem da suposta embriaguez alcoólica dos bolivianos, e, a partir daí, em menos de seis meses, as tropas organizadas por Plácido de Castro venceram as resistências bolivianas. Em Puerto Alonso (atual Porto Acre), o confronto terminou em janeiro de 1903 quando, prestes a acontecer o ataque decisivo, veio o sinal de paz, uma bandeira branca que simbolizava a derrota boliviana em sua última posição militar. Lino Romero tirou a espada e a entregou a Plácido de Castro, que, emocionado, disse: “Senhor coronel, não fazemos a guerra senão para conquistar o que é nosso”.

Posteriormente, a assinatura do Tratado de Petrópolis, fruto da diplomacia brasileira conduzida pelo Barão do Rio Branco, oficializou a anexação do Acre ao Brasil em 17 de novembro de 1903, e em setembro de 1909 o Tratado do Rio de Janeiro ajustou os limites com o Peru, consolidando a soberania brasileira sobre a região, incorporando 152 mil quilômetros quadrados de terras, antes bolivianas, ao Brasil.

Com isso, a história da Revolução, narrada em livros, contada em trechos do hino acreano e até mesmo na minissérie “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes”, exibida pela TV Globo em 2007, segue viva na memória popular e é também tema constante nas escolas e nas ações de governo voltadas à valorização da história acreana.

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