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Governador se reúne com líderes religiosos para debater decreto de reabertura de templos

Num encontro por videoconferência, o governador Gladson Cameli conversou com lideranças religiosas na tarde desta sexta, 24. O assunto tratado foi o cuidado necessário que se deve ter para a reabertura dos templos a partir do decreto publicado pelo governo do Estado, nesta sexta, que permite a presença de 20% de fiéis nos espaços.

Em encontro por videoconferência, o governador Gladson Cameli conversou com lideranças religiosas na tarde desta sexta Foto: Diego Gurgel/Secom.

Também participaram do encontro diversos parlamentares como a senadora Mailza Gomes (Progressistas), deputados estaduais Cadmiel Bonfim (PSDB), Dra. Juliana (PRB) e Wagner Felipe (PR).

O governador explicou aos religiosos que tem buscado, durante a pandemia de Covid-19, o diálogo e o bom senso com todos os segmentos sociais.

“Não quero ir contra a nenhuma autoridade de saúde. E como executivo tenho que tomar as minhas decisões ainda que como cidadão ache que as igrejas poderiam estar abertas. Mas existem fatores que estão além da minha vontade”, ressaltou Cameli.

“Os prefeitos querem me colocar em uma sinuca porque é ano eleitoral. Vamos testar a abertura com 20% da capacidade das igrejas. Se tomarem os cuidados usando as medidas de prevenção acredito que venceremos as etapas porque todos sabem dos perigos dessa pandemia. Testaremos assim e se der certo aumentaremos a porcentagem de ocupação gradativamente. Mas se piorar teremos que fechar novamente”, preveniu o governador.

Falando em nome dos parlamentares evangélicos, a senadora Mailza Gomes agradeceu ao governo pelo  decreto. “O governador tem tido muita responsabilidade nas suas ações durante a pandemia. A abertura dos templos poderá ser um remédio a mais para as pessoas nesse momento difícil”, disse ela.

Opiniões divergentes

Por outro lado, Lucas Dias, representante do Ministério Público Federal ( MPF), se disse surpreso com o decreto. “As opiniões sobre a reabertura não são unânimes. Algumas igrejas foram contempladas, mas li também várias notas de igrejas contra a reabertura. Mesmo porque o exercício à religiosidade não foi suspenso nesse período. Existem várias premissas técnicas que devem ser observadas para saber se o momento é adequado para essa decisão”, ponderou o promotor.

Kátia Rejane, procuradora-geral do Ministério Público do Acre, lembrou que as fases de flexibilização são avaliadas pelo Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 e ficou deliberado que só na fase amarela poderia abrir os templos. Isso seguindo a orientação das autoridades sanitárias. Ela se disse também surpresa pela reabertura dos templos.

Religiosos com visões distintas

O apóstolo José Ildson, representando os evangélicos, admitiu que a maioria dos pastores estava pedindo a reabertura dos cultos.

“A igreja tem que estar aberta. Temos fator jurídico que nos dá base para essa reivindicação. Considero os riscos pequenos porque as igrejas evangélicas são obedientes e irão cumprir com os protocolos. Os cultos com 20% de ocupação, dois metros de distância entre os fiéis e todos usando máscara será quase zero as chances de contaminação”, afirmou Ildson.

No entanto, o padre Jairo Coelho, da Arquidiocese de Rio Branco, pensa diferente. “Manteremos as igrejas fechadas pelo tempo necessário. Não reivindicamos a reabertura. Houve uma politização do tema por conta das eleições municipais. Continuamos com as nossas atividades virtuais e atendimentos pessoais, nos reinventando. Achamos que abrindo as igrejas pessoas dos grupos de riscos irão se expor. Respeitamos a opinião de quem vai reabrir, mas não seguiremos. Preferimos manter a cautela e, por questão de coerência, as nossas igrejas permanecerão fechadas”, destacou o padre.

Representantes do Santo Daime, religiões de matizes africanas e espíritas também se mostraram reticentes com o momento para a reabertura.

“Queremos ressaltar a nossa solidariedade pela enorme pressão que o governador vem sofrendo pela flexibilização das medidas de prevenção da Covid-19. Que nesse momento a nossa fé possa convergir para o que dizem as autoridades científicas”, destacou Ildo Montezuma, dos cultos de ayahuasca.

Opinião similar do Ogã Eudmar Bastos, das religiões afro-brasileiras. “Entendemos que essa reabertura deve se dar de uma forma que o Estado possa fiscalizar. Por isso, estamos fazendo uma cartilha para trabalharmos de forma segura. Porque corremos o risco de retornar ao caos de casos de contaminação. Está havendo uma mistura desnecessária de política com religião”, garantiu Ogã.

Também participaram do encontro João Paulo Setti, da Procuradoria-Geral do Estado e o secretário de Saúde, Alysson Bestene. Ficou decidido que dois representantes dos religiosos com opiniões divergentes integrarão o Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19.

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