Um temporal derrubou árvores, destelhou casa e até derrubou um prédio em cima de uma casa na tarde desse domingo (13) em Rio Branco. De acordo com a Defesa Civil Municipal, foram mais de 40 ocorrências de estragos por conta dos fortes ventos e da chuva, além de mais de 33 mil locais com falta de energia e também houve ocorrências de queda de postes de energia.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, na rua 24 de Janeiro, no bairro 6 de Agosto, a moradora de uma casa em frente à Escola Maria Angélica acionou o os militares para comunicar que residência havia sido destruída por um prédio que desabou sobre o local. Ninguém ficou ferido, já que os moradores não estavam em casa no momento do desabamento.
Os bombeiros retiraram documentos da proprietária, mas a estrutura ficou destruída. De acordo com a Defesa Civil, o balanço de ocorrências ficou da seguinte forma:
- 21 quedas de árvores.
- Mais de 20 ocorrências de destelhamento de casa.
- Desmoronamento de prédio
‘Perdi tudo’
Uma das residências afetadas pelos ventos foi a da dona de casa Rosemeire Silva, no Residencial Andirá, na parte alta de Rio Branco. Ela conta que se desesperou e chegou a ser atingida por uma das telhas arrancadas pela força do temporal. A mãe dela, uma idosa de 92 anos, também se assustou enquanto a família tentava se proteger.
“Foi terrível, porque nós nunca passamos por isso, foi a primeira vez. E o vento estava muito forte. Estava só eu e essas cinco pessoas. Meu esposo não estava no momento. Eu não tive ação de nada. Eu só tive ação de me pegar com Deus, pedir que o Senhor não deixasse que tirasse nossas vidas, porque estava a minha mãe de 92 anos, então eu me desesperei, comecei a chorar e pedi a Deus. Meu filho que teve ação de nos puxar para dentro do banheiro, aí minha mãe começou a gritar, pedindo para abrir a porta, que queria sair. E nós viemos para fora. Quando nós viemos para fora, a telha caiu e bateu na minha cabeça. Ainda bem que não danificou, não cortou minha cabeça, graças a Deus. E aí nós voltamos para trás, para dentro do banheiro de novo. Não foi fácil, foi terrível. E eu perdi tudo”, relembra.
‘Fiquei desesperada’
Quem também ficou assustada com a tempestade foi a dona de casa Luciana de Sousa. Ela assistia televisão quando percebeu que o tempo estava fechando, e imaginou que um temporal estava para ocorrer.
Ela ainda conseguiu afastar alguns objetos antes que o vento arrancasse as telhas de sua casa e que a chuva molhasse seus pertences.
“Eu estava dentro de casa, estava assistindo televisão, estava tudo calmo. Quando vi o tempo fechado para ali, eu falei: ‘menina, aquilo dali vai vir um temporal’. Aí não deu minutos, quando dei fé começou, aquela ventania, com vento forte, sabe, a chuva mesmo não teve controle. Eu tentei acalmar algumas coisas dentro de casa porque já estava descendo água por ali. Deu tempo só de tirar as coisas, afastar para os cantos, senão ia molhar tudo”, conta.
A moradora relata ainda que sempre se preocupa no início do inverno pois já teve prejuízos com temporais em outros anos.
“Fiquei desesperada, minha menina também. Não foi fácil, chorei. Declamei por Deus. ‘Deus, pelo amor de Deus, meu Deus’. Eu disse: ‘agora eu vou me embora daqui’. Fiquei desesperada mesmo. Porque todo inverno é muito difícil aqui. Todo inverno você fica com medo mesmo. Eu já peguei até trauma disso, sabe? Quando chega o inverno eu já fico pensando: ‘meu Deus, acalma essa ventania, porque se não os telhado podem cair novamente’. Tá aí o que aconteceu, né? Os telhados, da casa, tudo”, acrescenta.
O autônomo Manoel da Frota lembra que estava chegando em casa quando o temporal começou. Enquanto entrava em casa, ele ouviu o barulho das telhas descolando de sua casa.
“Eu vinha chegando na hora do tempo, aí entrei pra dentro quando eu entrei e já escutei os estralos. Molhou tudo. Não escapou nada porque destelhou. Agora vamos esperar pelo assunto do governo que ele vai fazer pela gente”, diz.
Sem condições de instalar novas telhas, Frota relata que vai permanecer na casa mesmo destelhada, e torce para que não chova mais até que ele consiga consertar os danos.
“Não tenho condição de botar [novas telhas]. Tem que ficar na chuva, não tem o que fazer, mas é isso mesmo”, conta.
Colaborou o repórter Jardel Angelim, da Rede Amazônica Acre.
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