
O velório e enterro de Amélia Cristina Marques, terceira vítima fatal da queda do avião em Manoel Urbano, interior do Acre, ocorreu na manhã desta quarta-feira (29). Familiares e amigos se reuniram para dar o último adeus à jovem de 28 anos no cemitério São João Batista, em Rio Branco.
A biomédica morreu na tarde da última sexta (24) no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, na capital amazonense. O corpo dela chegou às 23h de terça (28) e foi enterrado na manhã desta quarta (29).
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave que caiu após decolar, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres. Eles seguiam para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante peruano, morreu de acidente. Nove dias depois, Suanne Camelo morreu em Manaus (AM).
O velório da biomédica estava marcado para manhã e tarde de terça-feira (28), respectivamente. O corpo iria sair de Manaus na noite desta segunda (27) em um voo comercial. Contudo, a funerária contratada atrasou cerca de uma hora e perdeu o horário de embarque. Com o atraso, a família ficou com pouco tempo para velar e se despedir da jovem.
Amélia se recuperava das queimaduras por conta da queda do avião. Ela teve cerca de 70% do corpo queimado e mesmo após dois meses, ainda mantinha os braços enfaixados. Em decorrência do ambiente hospitalar, contraiu pneumonia e, então, o quadro de saúde piorou em poucos dias. Emocionado, o pai de Amélia, Manoel da Rocha Neto, lembra dos bons momentos vividos com a filha e fala dela com orgulho.

“A Amélia era uma menina extrovertida, alegre, comunicativa, tocava violão como ninguém, cantava na igreja dela. Ela tinha um desenvolvimento mental muito bom, falava com todos […] não vou ter mais o ‘benção, pai’, ‘tchau, pai”, aquele negócio. Ela chegava em casa, pedia a bênção, e quando saía dizia assim: ‘eu te amo, pai’. São as lembranças. Foram 28 anos, uma vida de sucesso, de alegria. Essas são as lembranças que vamos guardar para o resto da vida.”
Morte
Ela estava internada na unidade desde 21 de março. Amélia foi a primeira paciente transferida pelo Tratamento Fora do Domicílio (TFD) para unidade especializada do Amazonas. Ela foi extubada no dia 25 de março, mas continuou na UTI, seguindo com o tratamento.
Amélia era acompanhada pela mãe, o irmão e o marido, o dentista Bruno Fernando dos Santos, de 36 anos, que também estava na aeronave. Bruno não precisou ser transferido para o estado vizinho, se recuperou dos ferimentos no pronto-socorro de Rio Branco e recebeu alta no dia 25 de março.
O dentista e a mãe de Amélia voltaram para o Acre no sábado (25). O irmão dela, Pedro Lucas, acompanhou o translado até Rio Branco.
No último dia 10 deste mês, Manoel Neto chegou a confirmar que a jovem tinha sido extubada novamente e estava no leito se recuperando bem.
Segue internado no Centro de Tratamento de Queimados o piloto da aeronave, Valdir Roney Mendes, de 59 anos. A última atualização do quadro de saúde do piloto repassada pelo hospital informava que ele tinha sido extubado no último dia 8, mas que a situação apesar de estável, ainda era considerada grave.


Veja quem são os sobreviventes:
- Roney Mendes, de 59 anos – piloto do avião. Transferido no dia 22 de março em UTI aérea para o Centro de Tratamento de Queimados de Manaus, onde segue internado.
- Mateus Jeferson Fontes, 26 anos – noivo de Suanne. Foi transferido para o Centro de Tratamento de Queimados no dia 24 de março. Ele recebeu alta médica no dia 4 de abril e voltou para Rio Branco no dia seguinte.
- Bruno Fernando dos Santos, 36 anos – dentista e marido de Amélia. Recebeu alta do Pronto-Socorro de Rio Branco no dia 25 de março.
- Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, 15 anos – estudante. Visitava a família em Manoel Urbano e foi a que se feriu com menos gravidade. Recebeu alta do hospital de Manoel Urbano no dia 25 de março.
O avião Cessna Skylane 182 tinha capacidade para transportar, no máximo, quatro pessoas. Entretanto, sete passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
O avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.
*Colaborou o repórter João Cardoso, da Rede Amazônica Acre.
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