
Os beneficiários do Bolsa Família que perderam dinheiro em bets terão que esperar um pouco mais de tempo para nutrir a esperança de reaver os recursos. A ação civil protocolada na 13ª Vara Cível Federal de São Paulo que pede a devolução dos valores arrecadados por empresas de apostas online ainda está em análise preliminar, após ser protocolada no dia 22 de maio deste ano.
Segundo o advogado Márlon Reis, da Cedeca (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente) e da Educafro, organizações que deram início a ação, o processo aguarda despacho dos pedidos de tutela de urgência. Após a decisão, será determinada a abertura oficial pelo juiz federal Marcelo Guerra Martins. Não há previsão de quando uma decisão poderia ser tomada e executada, mesmo em caso de exigência da Justiça para que as empresas façam a devolução dos recursos.
O mercado de apostas online movimenta até R$ 30 bilhões mensais, em média, neste ano, segundo o Banco Central (BC). Se a média for mantida, até o Ano Novo serão R$ 360 bilhões gastos em bets – para se ter uma ideia, esse valor é maior que o previsto em investimentos do programa Nova Indústria para fomentar o setor nacional durante os quatro anos do governo Lula 3.
Os recursos oriundos do Bolsa Família desperdiçados em bets, conforme o BC, chegou a R$ 3 bilhões em agosto do ano passado. A informação motivou uma investigação da Polícia Federal, ainda não concluída, solicitada pelo próprio Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que acredita que fraudes possam estar sendo cometidas em nome de parte dos beneficiários. A pasta aponta que 1,8 milhão de assistidos usaram o cartão do programa Bolsa Família em casas de apostas.
“É um dinheiro público que, por malandragem e falta de caráter desta quadrilha organizada, foi desviado de sua finalidade para enriquecer grupos exploradores, sob os olhares omissos de quem deveria proteger o povo pobre. […] Na ilusão de aumentar o dinheiro público que receberam para enfrentar seus problemas, [pessoas assistidas] jogam em bets, na ilusão de um ganho”, diz o diretor de uma das organizações que moveu a ação, a Educafro, Frei David.
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