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Filha de acreanos, Glória Perez deixa Globo após 35 anos por rejeição de novela sobre aborto

A autora Glória Perez deixou a Globo após 35 anos. Em abril de 2025, a emissora rejeitou a sinopse de Rosa dos Ventos, novela prevista para substituir Vale Tudo no horário das 21h em 2026. O caso encerrou um contrato iniciado em 1990.

A trama, analisada por diretores e setores internos, caiu por uma história confusa e temas sensíveis, como política e aborto.

Os diretores justificam a rejeição por dois motivos. Diretores avaliaram o enredo como mais confuso que Travessia (2022), último trabalho de Glória, de baixa audiência.

A direção alega que o fato do aborto poderia ser contornado, porém tratar de figuras políticas em época de eleição seria ruim.

  • Como o ano de 2026 é ano eleitoral, a Globo decidiu evitar o risco de parecer parcial, conduta adotada desde O Salvador da Pátria (1989).

A convivência de Glória Perez na Globo já não estava boa. Em março, a autora compartilhou conteúdo sobre a manifestação pró-anistia ocorrida em 16 de março.

Na ocasião, Glória postou um story em seu Instagram acompanhando a manifestação, com a manchete:

“Manifestação pacífica no Rio em defesa da anistia. Povo lota a praia de Copacabana na manhã deste domingo.”

Gloria Maria Rebelo Ferrante, mais conhecida como Gloria Perez, nasceu no dia 25 de setembro de 1948, no Rio de Janeiro, mas seus pais – o advogado Miguel Jerônimo Ferrante e a professora Maria Augusta Rebelo Ferrante – eram naturais de Rio Branco, no Acre. A capital acreana foi lar da autora de novelas e séries reconhecidas nacionalmente até seus 16 anos.

Gloria começou sua carreira de autora em 1979 e chamou a atenção de Janete Clair, que a convidou para trabalhar como sua assistente na novela ‘Eu Prometo (1983)’. Depois disso, a autora não parou mais de criar tramas baseadas em questões sociais, que são sua “marca registrada” nas produções televisivas.  … –

‘Amazônia – De Galvez a Chico Mendes’, de 2007, foi a terceira minissérie escrita por Gloria, que voltou seu olhar para suas origens, e contava a história da conquista do Acre, com base nas obras ‘Terra Caída’, de José Potyguara, e ‘O Seringal’, de Miguel Ferrante.

Mas foi em 2009 que a escritora ganhou um dos maiores reconhecimentos da carreira: um Emmy, premiação internacional considerada o Oscar da televisão. O trabalho que conquistou o mundo foi ‘Caminho das Índias’.

Em 2017, a “acreana” retorna o olhar para a Amazônia com a novela ‘A força do querer’ e inclui na trama um núcleo amazônico, na cidade fictícia Parazinho, que abrigava lendas vivas como as sereias e os botos.

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