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No Acre, jovem de 18 anos que passou em medicina, revisava conteúdo em ônibus no caminho para escola

A estudante Wellen Ferreira Cardoso de Melo, de 18 anos, foi uma das aprovadas no processo seletivo do curso de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac) neste ano. A jovem estudou todo o ensino médio na escola Edmundo Pinto de Almeida Neto, na cidade de Porto Acre, distante 61 km de Rio Branco, e enfrentou uma jornada de 10 horas de estudos diários, chegando até a revisar o conteúdo dentro do ônibus no caminho para a escola.

A jovem estudante relatou ao g1 que acompanhava algumas pessoas que comentavam sobre o curso. Ela também chegou a ser aprovada em direito na Ufac, mas o que ela queria mesmo era desenvolver a vocação de ser médica, paixão que nutria desde pequena. O principal ponto que almeja conseguir com a medicina é ter a possibilidade de ajudar a salvar vidas.

Wellen disse ainda que sempre teve muita vontade de cursar medicina, mas no começo acreditava que era algo impossível para sua realidade. O apoio da família e de professores foram cruciais para que ela pudesse acreditar no próprio potencial.

“Tive muito apoio da minha família, eles sempre disseram que eu ia conseguir e me incentivaram. Eu ficava com medo e insegura muitas vezes e quando eles percebiam, sempre tentavam me fazer acreditar no meu potencial. Os professores Márcio, Ellen e Felipe e a coordenadora Jamile também sempre nos davam conselhos na escola e diziam que acreditavam na gente”, contou.

Rotina de estudos

Wellen, aprovada em 13º lugar, utilizando as cotas destinadas a pretos, pardos e indígenas, disse que chegava a estudar 10 horas por dia, sem contar com o horário em que estava na escola. A rotina intensa começava cedo, às 5h.

“Eu acordava às 5h da manhã, estudava até às 6h e usava esse horário para revisar os conteúdos que eu tinha estudado anteriormente para não esquecer, principalmente aqueles que eu tinha mais dificuldade. Depois, no resto da manhã, eu dividia os estudos em duas partes, sendo que na primeira eu via teoria e questão do que eu tinha planejado no cronograma”, afirma ela.

A estudante, moradora da Vila do V, ainda ajudava a mãe nas atividades domésticas antes de começar a se arrumar para ir a escola às 11h, que fica na cidade ao lado.

“Como eu pegava ônibus, aproveitava o trajeto [de 40 minutos] para ir revisando mais conteúdos com um caderninho de revisão que eu fazia. Depois de chegar da escola eu recomeçava meus estudos e terminava às 22h”, explica.

A rotina dos fins de semana eram tão intensas quanto as da semana. Wellen aproveitava o sábado e domingo para fazer um simulados do Enem. “No sábado eu fazia 90 questões do primeiro dia da prova e no domingo as 90 do segundo dia, e corrigia o que eu tava errando, sempre vendo o que estava precisando melhorar e o que ainda não tinha visto”, conta.

Ela ressalta a importância do apoio que recebeu para a sua aprovação.

“Quando a gente tá ali sozinha no quarto estudando, passa muita coisa pela nossa cabeça e às vezes acaba até mesmo duvidando da gente, ficando com medo de dar errado ou de falhar, mas quando eu ouvia palavras de incentivo e de apoio, me enchia de energia e vontade para continuar novamente”, disse Wellen.

‘Jamais devemos desistir’

Para os estudantes que pretendem entrar no curso de medicina nas próximas edições, ela aconselha ter muito foco, dedicação e persistência. Wellen ainda cita que o empenho em seguir um planejamento e ter rotina são essenciais.

“Não é fácil, mas não devemos duvidar da nossa própria capacidade. Provavelmente, enfrentará muitos desafios no processo, mas saber enfrentar eles é uma parte fundamental. Falhar e errar faz parte, mas jamais devemos desistir dos nossos sonhos”, recomenda ela.

O curso de medicina da Universidade Federal do Acre (UFAC) registrou um total de 2.756 de inscritos para 80 vagas ofertadas, sendo duas turmas com 40 alunos cada, uma que iniciará no primeiro semestre e a outra no segundo semestre deste ano. A concorrência geral chegou a 34,45 candidatos por vaga.

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